Separar as finanças pessoais das finanças da empresa é considerada uma das práticas mais importantes e, ao mesmo tempo, mais negligenciadas por microempreendedores individuais. Nos primeiros passos do negócio, é comum que a mesma conta bancária seja utilizada tanto para pagar contas da casa quanto para cobrir despesas do empreendimento. No entanto, essa mistura, ainda que pareça inofensiva, pode resultar em sérios problemas administrativos, fiscais e legais.
De acordo com especialistas, esse é um erro frequente, mas que não deve ser subestimado. “É um princípio contábil: o da entidade. Pessoa física e jurídica devem ter contas separadas”, explica Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Contabilidade. Assim, manter essa distinção não é apenas uma sugestão, mas uma exigência para quem deseja organizar seu negócio de maneira profissional.

Quais são os riscos de misturar contas?
Segundo um levantamento realizado pelo Sebrae, 60% dos donos de pequenos negócios já utilizaram recursos pessoais para cobrir despesas da empresa. Embora essa atitude seja, muitas vezes, adotada em momentos de urgência, ela pode comprometer a estabilidade financeira no longo prazo. Entre os principais riscos, destacam-se:
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Desorganização financeira: quando não há distinção entre os fluxos de caixa, torna-se difícil entender se o negócio é de fato lucrativo ou deficitário.
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Confusão patrimonial: caso a empresa venha a falir, os bens pessoais do empreendedor poderão ser utilizados para saldar dívidas empresariais, o que compromete a segurança financeira individual.
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Desenquadramento do MEI: ao ultrapassar o limite de R$ 81 mil por ano sem controle, o microempreendedor pode ser desenquadrado e obrigado a migrar para outro regime tributário, que geralmente impõe uma carga maior de impostos.
Como a organização financeira deve ser feita
Para evitar esses riscos, algumas ações práticas são recomendadas por contadores e especialistas em finanças. A principal delas é a abertura de uma conta bancária exclusiva para movimentações da empresa. Ainda que não se trate de uma conta jurídica, o simples ato de separar os fluxos já representa um grande avanço.
A partir dessa divisão, outras medidas também devem ser adotadas:
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Definição de um pró-labore fixo: o valor mensal que será transferido para a conta pessoal como remuneração do empreendedor deve ser estipulado com base no faturamento e nas despesas da empresa. Isso contribui para o equilíbrio financeiro e reduz a tentação de gastar além do necessário.
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Registro sistemático de entradas e saídas: manter um controle financeiro detalhado é fundamental. Pode ser feito por meio de planilhas, aplicativos ou até mesmo em um caderno. O importante é que todas as movimentações sejam anotadas.
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Utilização de ferramentas de apoio: plataformas como a Planejadora Sebrae foram desenvolvidas justamente para ajudar pequenos negócios a analisarem seus indicadores e realizarem um planejamento financeiro mais estratégico.
Cuidado com os gastos invisíveis no home office
Para quem trabalha de casa, a atenção deve ser redobrada. Luz, internet e materiais de uso misto costumam ser compartilhados entre as esferas pessoal e profissional. Por isso, é recomendável que esses gastos sejam identificados e, sempre que possível, rateados. “É essencial separar o que é despesa do negócio e o que é da vida pessoal”, reforça Mota.
A importância do apoio profissional
Por fim, a atuação de um contador pode ser decisiva. Com o auxílio de um profissional, é possível garantir o correto recolhimento de tributos, evitar desenquadramentos e realizar projeções financeiras mais confiáveis. Além disso, o contador pode orientar sobre sazonalidades do mercado e propor melhorias na estrutura do negócio.
Fonte: Assessoria de Comunicação/CDL Goiânia, com informações do portal Diário do Comércio