Entre as áreas que já adotaram ou devem usar inteligência artificial estão atendimento ao cliente, marketing e vendas
Falar de inteligência artificial (IA) todo mundo está falando. O nível de buscas pela expressão no Google cresceu cinco vezes em dois anos. A pergunta-chave é outra: ‘Sua empresa vai ficar para trás?’.
Segundo o relatório Perspectivas da Agenda CIO para a Indústria e o Varejo, da Gartner – referência global em consultoria e pesquisa no mundo tecnológico – no segmento varejista “assistentes virtuais e bots baseados em IA generativa ganham força” e dentro de um ano e meio 75% das empresas utilizarão IA para criar dados sintéticos de clientes, que imitam dados reais, enquanto atualmente menos de 5% fazem isso.
Em outras palavras, se hoje apenas um a cada 20 concorrentes está tecnologicamente à frente, dentro de um ano e meio três a cada quatro concorrentes estarão à frente. Quem não abraçar a IA agora ficará para trás num prazo recorde.
Essa é a má notícia. A boa é que, de acordo com o levantamento da Gartner, nove em cada dez varejistas planejam implementar IA até 2025 e atender os novos desejos dos clientes: experiências personalizadas e eficientes.
Isso tem levado o varejo a adotar tecnologias de inteligência artificial para otimizar as operações para melhorar o atendimento e aumentar a competitividade. É como se de repente todos acordassem para a IA. E não somente no Brasil.
De acordo com estimativas da plataforma alemã Statista, o mercado global de soluções de IA no varejo deve alcançar US$ 31 bilhões até 2028, crescimento de 190% em relação aos atuais US$ 10,7 bilhões.
No caso do relatório da Gartner, cerca de 40% dos entrevistados disseram que a sua organização implantou IA generativa em mais de três setores de negócios, entre setembro de 2023 e setembro de 2024. Entre as principais áreas que já adotaram ou pretendem investir em IA estão atendimento ao cliente, marketing e vendas. O lado front end.
Os principais impulsionadores dessa revolução do uso de IA nos negócios são os chamados modelos de base, que utilizam grandes volumes de dados ajustados para realizar tarefas específicas. Saem de cena a IA de prateleira e entra no jogo o taylor made: até 2027, mais de 50% dos modelos usados pelas empresas serão específicos para elas e em funções comerciais, em comparação a aproximadamente 1% em 2023.
No entanto, a Gartner afirma que os varejistas precisam implementar IA de forma consciente para equilibrar o uso dessas tecnologias com uma governança adequada e uma visão de longo prazo para garantir que os benefícios sejam alcançados sem comprometer a integridade do negócio ou a experiência do cliente.
Ainda que a IA generativa traga muitas oportunidades, a informação precária é um novo vetor de ameaça, segundo a consultoria. Até 2028, os gastos empresariais dedicados a combatê-la vão superar US$ 30 bilhões, tirando 10% dos orçamentos de marketing e colocando em segurança cibernética.
“Será preciso capacitar um profissional responsável, por exemplo, o diretor de segurança da informação, para lidar com o desafio da informação precária na organização”, afirmou a Gartner.
Fica claro que entender os benefícios e minimizar os riscos será o nome do jogo. Os benefícios incluem desenvolvimento mais rápido de produtos, melhora na experiência do cliente e aumento da produtividade dos colaboradores. Já os riscos incluem a falta de transparência e precisão, vieses, ataques cibernéticos e de fraude, exposição inadvertida de propriedade intelectual e violação de direitos autorais.
Startups
Com a crescente adoção da inteligência artificial no varejo, as startups estão se tornando aliadas estratégicas para o setor, oferecendo soluções que impactam diretamente as três principais áreas onde a IA tem sido mais implementada: atendimento ao cliente, marketing e vendas.
É o caso da startup Neopro, que nasceu com a missão de revolucionar a forma como as metas de vendas são gerenciadas no varejo físico. Combinando tecnologia e IA, a startup desenvolveu uma plataforma que permite a vendedores, gerentes e supervisores acompanhar o desempenho e performance das equipes de vendas em tempo real. No app, todos têm acesso às metas recalculadas por IA, desempenho, ranking e projeção de faturamento a cada venda realizada.
Em 2024, a Neopro atingiu a marca de 5 mil usuários, atendendo desde redes multimarcas até franquias. Este ano também lançou o NeoStories, ferramenta que facilita a comunicação entre as equipes de vendas e o time de backoffice.
Outra é a PX Data.AI. Fundada em 2018, a startup desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial generativa voltada para facilitar o acesso e a análise de dados empresariais, otimizando a tomada de decisões. A solução cria um ecossistema de dados que promove a cultura Data Driven, em que decisões são tomadas baseada em análise e interpretação de dados.
A plataforma oferece aos usuários a possibilidade de fazer perguntas para uma IA, acessar dashboards feitos em outras ferramentas e ainda criar uma comunidade de dados para compartilhar insights estratégicos. Tudo isso em um único ambiente.
“Desenvolvemos soluções que ajudam grandes empresas a tomar suas importantes decisões baseadas em dados”, afirmou o fundador, Allan Miranda. “Isso favorece o aumento das receitas e reduz os custos da operação.”
Já a Riverdata, fundada em 2020, desenvolveu uma visão computacional com inteligência artificial focada no varejo físico. Sua proposta é simples, e decisiva: aumentar a produtividade dos estabelecimentos e fornecer dados sobre o comportamento dos consumidores, como funil de vendas e mapa de calor da loja.
Com uma plataforma de IA integrada, a Riverdata permite que os varejistas entendam melhor quem visita as lojas, incluindo métricas como número de visitantes e suas faixas etárias, tempo de permanência dos clientes, filas de espera, além de medir os que passam na frente da loja, os que entram e os que efetivamente compram.
A plataforma captura todo o comportamento do consumidor e transforma esses dados em informações estratégicas. “Isso permite que os gestores tomem decisões mais informadas, otimizem o atendimento e melhorem a experiência do cliente”, disse Claudio Junior, CEO e fundador da startup. “Além de aprimorar a eficiência da equipe de colaboradores.”
Soluções que ajudam a entrar no jogo da IA de forma mais refinada. E sem ficar no fim da fila.
Fonte: Diário do Comércio – Foto: Anna Shvets